Hoje 07/09/2013 li 257 páginas em um dia, assim foi
minha leitura de A Culpa é das Estrelas de John Green
É impossível não chorar, chorei rios de lágrimas,
me lavei por dentro, se você se sente vazio ou não “sente” nada há algum tempo
leia este livro. É simples, claro, objetivo e subjetivo.
Fala de câncer sem falar do câncer, fala da perda, da
dor, daquela sensação permanente de que vai perder algo, que já está perdendo
algo, e como não perder, a vida é breve, muito breve, mas algumas coisas
realmente duram uma eternidade em nosso coração.
Meu coração transborda de emoções e talvez em um
futuro eu consiga transformá-las em palavras porém hoje elas me faltam e sobram
as emoções; o que posso dizer é que neste momento da minha vida estou
imensamente feliz em chorar com o livro, é melhor ter lido ele e chorado; me
esvaziado do que jamais ter compartilhado da existência dos personagens.
Daqui 100 anos nossa existência será passado, e nada
do que gostamos do que vivemos, das paixões que temos terá relevância, mas isso
não importa, não é o legado que tentamos deixar que faz a diferença, é quem nós
somos que faz, é quem somos para aqueles que amamos, é quem somos para nós
mesmos...
Segue abaixo trechos dos livros e um link para
encontrá-lo no Google drive, encontre o livro, leia-o e talvez você encontre a
si mesmo...
(li em e-book e vou comprar a versão impressa – como diz
Zafon “livros são como espelhos; encontramos neles o que há dentro de nós”)
TRECHOS DO LIVRO A CULPA É DAS ESTRELAS – JOHN GREEN
— Todo salvamento é temporário — o Augustus retrucou.
— Eu proporcionei a elas mais um minuto. Talvez esse seja o minuto que vai
proporcionar a elas mais uma hora, que é a hora que vai proporcionar a elas
mais um ano. Ninguém vai dar a elas uma quantidade infinita de tempo, Hazel
Grace, mas a minha vida deu a elas mais um minuto. E isso não é pouco.
Às vezes as pessoas não têm noção das promessas que
estão fazendo no momento em que as fazem
— Ela disse que não conseguiria lidar com isso — o
Isaac falou. — Estou prestes a perder a visão e ela não consegue lidar com
isso.
(...)
— Isso é inaceitável — ele me disse. — Isso é
totalmente inaceitável.
— Bem, para ser honesta — falei —, quer dizer, ela
não deve mesmo conseguir lidar com isso. Você também não, mas ela não precisa.
E você, sim.
— Esse é o problema da dor — o Augustus disse, e aí
olhou para mim.
— Ela precisa ser sentida.
— Ah, eu já superei, amada. Foram necessários uma
caixa de cookies de chocolate com menta e quarenta minutos para esquecer aquele
garoto.
Ela parecia ter sido, acima de tudo, uma doente
profissional, como eu, o que me deixou com medo de que, quando eu morresse,
eles não tivessem mais nada a dizer sobre mim exceto que lutei heroicamente,
como se a única coisa que eu tivesse feito na vida fosse Ter Câncer.
As pessoas falam da coragem dos pacientes de câncer,
e eu não a nego. Por vários anos fui cutucada, cortada e envenenada, e segui em
frente. Mas não se enganem: naquele momento, eu teria ficado muito, muito feliz
em morrer
Não importa quão forte seja o impulso, não importa o
quão alto se chegue, não será possível dar uma volta completa.
Enquanto ele lia, me apaixonei do mesmo jeito que
alguém cai no sono: gradativamente e de repente, de uma hora para outra.
— Vivendo o melhor da nossa vida hoje!
Eu me sentia mal por ele. E mesmo odiando a pena que
as pessoas tinham de mim, não consegui evitar ter pena dele.
— Você precisa escolher as causas pelas quais vai
lutar nesse mundo, Hazel — minha mãe disse. — Mas se esta é a que você quer
defender, ficaremos do seu lado.
Essa, às vezes, era a pior parte do câncer: a
evidência física da doença separa você das outras pessoas.
Estou apaixonado por você e não quero me negar o
simples prazer de compartilhar algo verdadeiro. Estou apaixonado por você, e
sei que o amor é apenas um grito no vácuo, e que o esquecimento é inevitável, e
que estamos todos condenados ao fim, e que haverá um dia em que tudo o que
fizemos voltará ao pó, e sei que o sol vai engolir a única Terra que podemos
chamar de nossa, e eu estou apaixonado por você.
E é na liberdade que a maioria das pessoas encontra o
pecado.
Se você não vive uma vida a serviço de um bem maior,
precisa pelo menos morrer uma morte a serviço de um bem maior, sabe? E eu tenho
medo de não ter nem uma vida nem uma morte que signifique alguma coisa.
Ah, eu não ia me importar, Hazel Grace. Seria uma
honra ter o coração partido por você.
— Como foi que você amadureceu tanto que consegue
entender coisas que confundem sua velha mãe? — ela perguntou. — Parece que foi
ontem que eu estava explicando para uma Hazel de sete anos por que o céu é
azul. Você me achou um gênio naquela época.
— Por que o céu é azul? — perguntei.
— Porque sim — ela respondeu, e eu ri.
— Colocamos o uísque num copo, depois pensamos na
água, e então misturamos o uísque de verdade com a ideia abstrata da água.
Vocês certamente sabem que só existem duas emoções,
amor e medo
Aparentemente, o mundo não é uma fábrica de
realização de desejos
— Não é justo — falei. — É tudo tão injusto…
— O mundo não é uma fábrica de realização de desejos
— ele retrucou, e então perdeu o controle, só por alguns instantes, seu choro e
seus soluços ruídos impotentes como o estrondo de um trovão sem raio, a
ferocidade tremenda que os amadores no quesito sofrimento podem tomar
erradamente por fraqueza.
Às vezes parece que o universo quer ser notado.
Não parece que Deus, em pessoa, preparou o paraíso
numa série de cinco pratos, os quais lhe foram servidos acompanhados de várias
bolhas luminosas de plasma fermentado e espumante, enquanto pétalas de flores
verdadeiras e literais flutuavam por toda a superfície do canal ao lado da sua
mesa de jantar.‛
e tirei uma foto com o celular: o Augustus, o cigarro
apagado na boca, seu sorriso deliciosamente torto, segurando a caixa de ovos
cor-de-rosa basicamente vazia no alto da cabeça. Seu outro braço nos ombros do
Isaac, cujos óculos escuros não estão exatamente virados para a câmera. Atrás
deles, gemas de ovo escorrem pelo pára-brisa e pelo pára-choque do Firebird
verde. (...)
Nunca mais tirei outra foto dele.
Hazel Grace, quando se é charmoso e fisicamente
atraente como eu, é fácil demais seduzir quem você conhece. Mas fazer com que
completos desconhecidos o amem… isso sim é um desafio
Você vai viver uma vida boa e duradoura cheia de
momentos maravilhosos e terríveis que você ainda não tem nem como imaginar como
serão!
Mas com certeza foi um privilégio poder amar o Gus,
não foi?
Fiz que sim com a cabeça, encostada na camisa dele.
— Isso lhe dá uma idéia de como me sinto em relação a
você — ele disse.
Meu velho e amado pai. Sempre sabia a coisa certa a
dizer
Ele começou a chorar. Como se tivesse algum direito
de chorar pela morte do Gus. O Van Houten era apenas mais um dos diversos
pranteadores que não o conheciam, mais um lamento que chegou tarde demais em
seu mural.
— Não. Bem, não quando ela morreu. Eu me tornei uma
pessoa insuportável muito antes de nós a perdermos. A tristeza não nos muda,
Hazel. Ela nos revela.
aí eu deitei na cama desarrumada, me enrolando no
edredom como um casulo, me envolvendo no cheiro dele. Tirei a cânula para poder
sentir melhor aquele cheiro, inspirando e expirando o Gus, o aroma já se
dissipando mesmo enquanto eu ainda estava deitada lá, meu peito queimando até
eu não poder diferenciar as dores.
as marcas que os seres humanos deixam são, com
frequência, cicatrizes
Mas aí eu quis mais tempo para que pudéssemos nos
apaixonar. Creio que meu desejo foi realizado. Eu deixei a minha cicatriz.
Não dá para escolher se você vai ou não vai se ferir
neste mundo, meu velho, mas é possível escolher quem vai feri-lo. Eu aceito as
minhas escolhas. Espero que a Hazel aceite as dela.