O
contato com a morte sempre me entristece,
eu sei que é algo tão normal como a
vida, mas não traz a mesma sensação nem de longe
É
como dizer que dar a luz é algo normal - Não é normal no sentido que banalizam,
é uma vida que se formou dentro você, (sendo mulher) - respirava, se
alimentava, sentia junto com você e "de repente" passa a fazer tudo
isso por si só, o primeiro fôlego de vida de um bebê não é "normal" é
extraordinário, sublime, é um milagre.
Já
estou fugindo do assunto, porque é muito mais fácil.
A
morte
Ela
vem sempre silenciosa, às vezes repentina, às vezes rondando e se aproximando,
mas é sempre silenciosa e nos assusta. Não importa se temos alguém querido que
esteja doente, nós não queremos que essa pessoa vá embora, queremos que melhore,
se recupere e fique bem, que fique conosco, somos egoístas mesmo não querendo
ser.
A
morte nos mostra como somos incapazes, nos deixa um vazio, uma dor que não
sabemos sentir, a morte é cruel...
a vida as vezes também é.
Você
aceita, mas, entender é outra história, a mente lhe avisa que a pessoa se foi,
que Deus quis assim e, você não quer brigar com Deus, mas o coração... Ah
coração - enganoso é o nosso coração, e rebelde também porque no primeiro
lampejo de saudade ele sussurra "meu Deus por quê? Fazei-me entender".
E o consolo vem, vem em forma de lágrimas que jorram, um ombro amigo que aparece,
um email, uma carta, um carinho; sim o conforto vem, mas o entendimento... Esse
nos foge.
Você
não disse o quanto amava aquela pessoa, você foi dura no momento que achou
certo, se afastou para que ela refletisse, e depois não há tempo, não há tempo
para o que você planejou; você planejou voltar, sorrir e argumentar seus
motivos, você planejou dizer como aquela bronca doeu em você, mas não deu
tempo.
Quando
a morte nos envolve ela sorri com desdém porque nós perdemos e ficamos perdidos, não há o que fazer,
remédio ou palavra de conforto que traga de volta quem já se foi.